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Foto do escritorPastoral da Comunicação Bom Jesus

Por que não comemos carne na Sexta-feira Santa?


Jesus jejuou durante 40 dias e morreu em uma sexta-feira. Por isso, embora algumas pessoas decidam não comer carne durante toda a Quaresma, as sextas-feiras são os dias mais respeitados e importantes. Antigamente, em alguns países católicos, em todas as sextas-feiras do ano só se consumia peixe.


É preciso recordar que esta abstinência de carne é feita para honrar o sacrifício do Senhor ao morrer na cruz para limpar nossos pecados.


Desde a antiguidade, a carne vermelha foi símbolo de opulência e celebração. Por isso, consumi-la durante a Quaresma não combinaria com o sentimento de reflexão e humildade desta época litúrgica.


Em sua “Suma Teológica”, São Tomás de Aquino explica que o consumo de carne vermelha também dá mais prazer, já que ela é mais saborosa. Abster-se dela seria mostra de um grande sacrifício.


“Ah, então são apenas as carnes vermelhas que são proibidas”, pensarão alguns. Não, o frango – que é carne branca – também não é permitido na Quaresma. Mas por que então o peixe está liberado?


Como escreveu São Paulo, “Nem todas as carnes são iguais: uma é a dos homens e outra a dos animais; a das aves difere da dos peixes” (I Coríntios 15,39).


Neste sentido, São Tomás de Aquino adverte que o frango também proporciona prazer. Talvez não tanto quanto o da carne vermelha, mas ele é um animal de “sangue quente” e da terra, diferenciando-se do peixe: “O jejum foi instituído pela Igreja com a finalidade de frear as concupiscências da carne, que considera os prazeres do tato relacionados à comida e ao sexo. Portanto, a Igreja proibiu aos que jejuam os alimentos que dão mais prazer ao paladar, além de serem um incentivo à luxúria. Tais são as carnes dos animais que tomam seu descanso na terra e os seus derivados, como o leite e os ovos das aves”.


Não obstante, com o passar dos anos, a Igreja foi flexibilizando esta regra. Em alguns países da América Latina, a carne de capivara, por exemplo, é permitida, já que a Igreja a considera como carne de peixe, apesar de ela ser um mamífero aquático. Nos Estados Unidos, a carne de lagarto também é considerada “peixe” pela Igreja desde 2010.


E em relação aos frutos do mar, como moluscos e crustáceos? Alguns membros do clero acreditam que a ostra e a lagosta devem ficar fora da lista de carnes permitidas na Quaresma, já que, embora aquáticos, também são associados ao luxo e ao extremo prazer.

Quanto aos derivados animais (ovos, leite e queijo), também há divergências dentro da Igreja. Alguns os consideram pertinentes, pois não são o animal em si. Mas outros dizem que é preferível substitui-los.


Em resumo: a carne permitida às sextas-feiras da Quaresma (e na Quarta-feira de Cinzas) é aquela que provém do mar, dos lagos e dos rios, com algumas exceções. Assim como Jesus deu sua carne e sangue por nós, jejuar é uma mostra de gratidão. Também porque, na época, a carne era artigo de luxo, rara à mesa das pessoas mais pobres. O peixe, por outro lado, era abundante e barato, por isso comum nas refeições dos mais humildes.


Mas comer peixe não significa só adotar a simplicidade. À espelho do que fez Jesus, o ato simboliza também uma penitência. Assim, não basta apenas comer frutos do mar: toda a refeição deve ser simples - além de ser à base de peixe, - e deve-se evitar quaisquer outros prazeres no dia.

Explicado isso, é importante dizer que, embora o peixe possa ser consumido, seu preparo deve ser simples. Os doentes, crianças menores de 14 anos, pessoas com problemas mentais, mulheres que amamentam e aqueles que têm restrições alimentares podem descumprir a norma.


Apesar de não ser um mandamento, abster-se de certos gostos gastronômicos nos agrega um sentido de humildade, abnegação, agradecimento e penitência. É uma maneira de recordar e viver o tempo da Quaresma em verdadeira preparação para a Páscoa.


Fontes:




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